O pensamento pedagógico socialista formou-se no seio do movimento popular pela democratização do ensino. A esse movimento se associaram alguns intelectuais comprometidos com essa causa popular e com a transformação social. Esse pensamento opõe-se à concepção burguesa da educação, propondo uma educação igual para todos.
Antonio Gramsci, militante e comunista italiano, era filho de camponeses. Aos 20 anos foi para Turim e envolveu-se na luta dos trabalhadores. Em 1921 ajudou a fundar o Partido Comunista Italiano e se destacou na oposição a Mussolini.
Preso em 8 de novembro de 1926, produziu na cadeia mais de três mil páginas nas quais, obrigado pela censura carcerária, teve de inventar termos novos para camuflar conceitos que podiam parecer revolucionários demais aos olhos dos censores.
Gramsci morreu aos 46 anos, passando os últimos 10 anos na cadeia e em regime de detenção em hospitais.
O referido autor construiu um conjunto de princípios originais, ultrapassando na linha do pensamento marxista as fronteiras até então fixadas por Marx, Engels e Lênin
O princípio educacional que Gramsci mais prezou foi a capacidade de as pessoas trabalharem intelectual e manualmente numa organização educacional única ligada diretamente às instituições produtivas e culturais. Foi histórico defensor da escola socialista à chamava a escola única de escola unitária, evocando a idéia de unidade e centralização democrática.
Assim como Lênin, Gramsci considerava o trabalho como um princípio antropológico e educativo básico da formação. Criticou a escola tradicional que dividia o ensino em “clássico” e “profissional”, o último destinado às “classes instrumentais” e o primeiro às “classes dominantes e aos intelectuais”. à Propõe a superação desta divisão, defendendo que uma escola crítica e criativa deve ser ao mesmo tempo “clássica”, intelectual e profissional. Também postulou a criação de uma nova camada intelectual.
Mais algumas idéias de Gramsci:
+ Para neutralizar as diferenças, devidos à procedência social, deviam ser criados serviços pré-escolares.
+ A escola deveria ser única, estabelecendo-se uma primeira fase com o objetivo de formar uma cultura geral que harmonizasse o trabalho intelectual e o manual. Na fase seguinte, prevaleceria a participação do adolescente, fomentando-se a criatividade, a autodisciplina e a autonomia. Depois viria a fase da especialização. Nesse processo tornava-se fundamental o papel do professor que devia preparar-se para ser dirigente e intelectual.
+ O desenvolvimento do Estado comunista se ligava intimamente ao da escola comunista: a jovem geração se educaria na prática da disciplina social, para que a realidade comunista se tornasse um fato.
+ O advento da escola unitária significa o início de novas relações entre trabalho intelectual e trabalho industrial na apenas na escola, mas em toda a vida social. O princípio unitário, por isso, refletir-se-á em todos os organismos de cultura, transformando-se e emprestando-lhes um novo conteúdo.
+ Ao contrário do que prega o liberalismo de Rousseau, a coação e a disciplina são necessárias na preparação de uma vida de trabalho, para uma liberdade responsável. (Gramsci, no entanto, se opõe ao autoritarismo irracional à numa relação entre governantes e governados que realiza uma vontade coletiva, a disciplina, para ele, é assimilação consciente e lúcida da diretriz a ser realizada).
+ No mundo moderno a educação técnica, estreitamente ligada ao trabalho industrial, mesmo ao mais primitivo e desqualificado, deve constituir a base do novo tipo intelectual. Da técnica-trabalho, eleva-se à técnica-ciência e à concepção humanista histórica, sem a qual se permanece “especialista” e não se chega a “dirigente” (especialista mais político).
+ O próprio esforço muscular-nervoso, que inova continuamente o mundo físico e social, seria o fundamento de uma nova e integral concepção do mundo. Uma vez o trabalho é uma modalidade de práxis, está é a própria atividade com que o homem se caracteriza e pela qual se apodera do mundo.
REFERÊNCIA
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 8. ed. São Paulo: Ática, 2001.
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