O seminário é uma técnica de ensino-aprendizagem bastante utilizada na graduação e pós-graduação. Nesses cursos alguns professores apresentavam textos de suas disciplinas e solicitavam a exposição do conteúdo por meio de seminários. Enquanto isso, nós estudantes víamos a quantidade de páginas e dividíamos o texto em partes para que cada um estudasse a sua e apresentasse em sala de aula, na data marcada pelo educador. Os grupos mais ousados até chegavam a combinar entre si a dinâmica de apresentação ou, antes disso, discutir idéias do texto, mas o que predominava era o improviso. Para ilustrar, cito um exemplo: havia aqueles que pediam para falar no final. Sabe por quê? Por que muitas não tinham lido suas partes e como estratégia, ouviam as exposições dos colegas e passavam a falar com base nestas, em caráter conclusivo. Que isso não sirva de estratégia para ninguém!
Mas onde estariam os equívocos destas práticas?
A meu ver existiam vários, dentre os quais relaciono alguns:
1. O fato do educador apresentar texto para que estudantes realizassem exposição do mesmo, inibia uma ação que é imprescindível para a preparação desta atividade: a pesquisa.
A indicação bibliográfica do educador é importante, mas, além disso, o mesmo precisaria estimular a pesquisa noutros textos ou fontes, porque o seminário deve ser um momento de exposição das descobertas realizadas pelos estudantes com relação ao tema proposto e isso acontece de maneira construtiva por meio da investigação;
2. Quando os estudantes se preocupavam com o tamanho do texto, isto é, com a quantidade de páginas, distribuindo-as igualmente entre os integrantes do grupo, o mesmo era fragmentado e na exposição, muitas vezes, uma contribuição vinha desconexa da outra.
Não vemos nenhum problema o caso de cada estudante ficar com uma parte do texto para apresentar, mas seria interessante se cada um realizasse sua exposição, tendo noção do todo, falando dentro de um contexto. Para isso, precisaria ler todo o texto e aprofundar-se em sua parte.
Não vemos nenhum problema o caso de cada estudante ficar com uma parte do texto para apresentar, mas seria interessante se cada um realizasse sua exposição, tendo noção do todo, falando dentro de um contexto. Para isso, precisaria ler todo o texto e aprofundar-se em sua parte.
3. A fragmentação do texto e poucos combinados em grupo (planejamento da atividade) torna-se um obstáculo para o diálogo entre seus integrantes e destes com os demais estudantes da sala, sacrificando um outro aspecto a ser trabalhado na técnica que é a constituição de um espaço de debate, de confronto de idéias, de exposição de dúvidas e do colaborações que eventualmente podem acontecer por meio dos demais colegas de sala ou do educador.
Quando começamos a lecionar no ensino superior, pensando na superação destes equívocos, fomos adotando algumas iniciativas junto aos estudantes, tais como:
1. Antes de propormos a realização de seminários, discutíamos sobre o que é seminário [1], critérios para sua realização, necessidade do planejamento, importância da pesquisa na preparação desta atividade, trabalho em grupo, dentre outros.
2. Refletíamos com os estudantes sobre procedimentos, fontes de pesquisa e tratamento de informações, por que entendíamos não era suficiente apresentar um tema e requerer pesquisa a respeito;
3. Solicitávamos aos estudantes fichamentos individuais do texto recomendado e das informações colhidas noutras fontes. Isso forçava a participação de todos e a visão integral do texto-base;
4. Oferecíamos um momento em sala de aula, no dia da entrega dos fichamentos, para que os grupos se encontrassem. Nesse instante, recomendávamos discussão das idéias no pequeno grupo para, depois disto, pensarem no formato da apresentação (planejamento). Enquanto aconteciam os debates, visitava todos os grupos para eventuais esclarecimentos metodológicos e de conteúdos;
5. Recomendava a elaboração de uma espécie de plano de aula por grupo e a partir deste instrumento sugeria alguns ajustes.
Durante o debate sobre seminário, havia um critério que fazíamos questão de recomendar: que o seminário não acontecesse dentro da perspectiva da transmissão, isto é, que de um lado ficassem os expositores a apresentar idéias e de outro a platéia totalmente ouvinte. Nesse sentido, orientávamos aos grupos que em seus planejamentos pensassem em estratégias que fomentassem a participação de todos, o diálogo, a troca de saberes. Para nós é isso que faz como que o seminário o que de fato deve ser.
Desejamos ouvir os relatos de vocês quanto a vivências de seminários. Que tal construir um breve relato e enviar para nós?! Quem sabe possamos publicar os mesmos neste blog. Isso poderá ampliar nossas reflexões!
Retornem ao nosso blog daqui a alguns dias, pois produziremos outra postagem sobre mesmo assunto, discutindo conceito e apresentando uma proposta de encaminhamento desta atividade. Abraços!
[1] Entendemos que quando um educador indica a realização de uma atividade ou produção como fichamento, resenha, resumo, monografia, esquema, seminário, é preciso diagnosticar o que eles já sabem a respeito, discutir conceitos e tecer algumas recomendações. Nesse sentido, além de verbalizar, procuramos sempre realizar registro escrito, disponibilizando-o.
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