Há alguns anos ouvi falar sobre Economia solidária e somente agora consegui um tempinho para estudar a respeito. Como resultado disso, reuni algumas ideias sobre, ou melhor, uma lista de características da economia solidária, o que pode ser uma boa introdução para a compreensão do tema...e agora compartilho com os leitores do Ateliê de educadores.
Caráter explicitamente
associativo: não se
reduz ao comportamento utilitarista. Reúne várias pessoas dedicadas ao bem
comum.
Corragio (2007),em sentido semelhante, advoga a tendência nestes empreendimentos de passarem da reprodução simples à reprodução ampliada da vida, incorporando neste conceito somente a satisfação das necessidades materiais, mas a provisão de qualidade de vida de todas as pessoas.
Visão
multidimensional: ultrapassa o objetivo econômico. Integra a educação, a
cultura e a ação política para a transformação social.
Prática contextualizada: parte da realidade para (re)elaborar e enriquecer a sua
própria natureza, ao invés de confrontar a sociedade com um certo número de
regras e indicadores, para classificar que atividades estão dentro ou fora
desta ideia.
Participação de vários atores: é uma
proposta em construção, na
qual vários autores e atores participam da construção de ideias e projetos e
desenvolvimento de inovações, interagindo colaborativamente.
“Talvez a verdadeira
revolução esteja justamente na capacidade das sociedades globalizadas de gerar
o maior número possível de empreendedores dentro de uma visão solidária”. (MONTECLARO JUNIOR, 2007)
Valorização do trabalho cooperativo: concretização de relações de trabalho cooperativas, democráticas e criativas, baseadas na autogestão no seio dos empreendimentos.
"(...) a cooperação no trabalho, as decisões coletivas, o compartilhamento de conhecimentos e a confiança envolvem aspectos supraindividuais decisivos". (CORRÊA E GAIGER, 2011, p.35)
"A cooperação refere-se a valores e práticas de mutualidade, compromisso social e gratuidade, no âmbito interno e externo do empreendimento. Essa dimensão pode ser traduzida por indicadores de intercooperação, dispositivos de amparo as membros do empreendimento, coletivização do processo produtivo, inexistência de divisão social do trabalho, engajamento comunitário e participação em movimentos sociais". (CORRÊA E GAIGER, 2011, p.39)
Desenvolvimento da autonomia: promoção
da autonomia individual
e de grupo no contexto da comunidade
a que se pertence, baseada no pensamento crítico e na co-responsabilidade.
Autogestão: vincula-se à participação coletiva,
à democracia e à autonomia na gestão e condução do empreendimento, avaliadas
por meio de indicadores como eleições livres e diretas; predominância de
decisões coletivas, envolvimento dos sócios na gestão cotidiana, acesso dos
sócios aos registros e informações gerenciais, predominância de trabalhadores
associados (em relação a trabalhadores externos) e equidade entre homens e
mulheres. (CORRÊA E GAIGER, 2011, p.39)
Visão para além do grupo: desenvolvimento das comunidades a vários níveis, a começar pelo local.
Iniciativa produtiva como resposta às necessidades das pessoas e das comunidades: não é um meio de gerar lucro, independentemente do que se produz, para quem e de que forma.
Procurar focar o empreendedorismo não na ação individual, mas
nas relações sociais (ação do grupo, colegiada, participativa). ß considerar também os aspectos
contextuais.
Algum grau de
socialização dos meios empregados na atividade econômica.
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