Relato nesta postagem uma vivência com Pedagogia de Projetos que coordenei nos dias 24 e 25 de outubro de 2007, na Faculdade Evangélica de Salvador, por ocasião da Formação solidária promovida pela instituição.
No primeiro momento, apresentei o projeto da oficina e indaguei se este contemplava as expectativas do grupo e se havia sugestões a respeito. Logo em seguida, procuramos conhecer a compreensão dos participantes sobre Pedagogia de Projetos e a partir disso apresentamos fundamentação teórica sobre o tema. Finalmente, como a proposta daquele momento era ser uma oficina didática, convidamos o grupo a experienciar algumas etapas da Pedagogia de Projetos que agora descrevemos:
1. Sensibilização
Considero a sensibilização como um momento indispénsável para favorecer a escolha do tema a ser trabalhado pelo grupo. Nesse sentido, é possível pensar numa infinidade de alternativas, tais como: entrevista, exposição de vídeo, músicas ou gravuras, visitas a lugares associados ao tema que se deseja trabalhar, utilização de poesias ou de outros gêneros textuais, dentre outros.
Para essa oficina decidi trabalhar com dobraduras. A partir dessa opção, dividi os participantes em 5 grupos de 9 pessoas, distribui as dobraduras (de animais e objetos) e fiz as seguintes recomendações:
1. Criar histórias a partir das dobraduras que seu grupo recebeu;
2. Escolher um tema relacionado à história criada pelo grupo;
3. Apresentar as histórias em plenário.
Uma das histórias criadas nesse momento foi "O patinho alegre":
História 01: O patinho Alegre
Tema: Animais em extinção
Numa tarde muito linda, o vento soprava forte, fazendo com que o catavendo girasse sem parar. O patinho Quem-quem estava feliz a nadar, quando, de repente, apareceu um enorme tubarão azul. O inesperado aconteceu: o catavento que estava lá no alto despencou e cortou a cabeça do tubarão.
E o patinho?! Ah! O patinho ficou muito feliz e continuou a nadar. Nunca mais voltou para aquele lugar.
2. Elaboração do Projeto de trabalho
Após a criação exposição das histórias e a escolha dos temas, apresentamos ao grupo três perguntas a serem respondidas individualmente. Nessa oficina solicitamos textos breves, mas lembramos que a ideias poderiam ser transmitidas por meio de outros recursos, tais como: pintura, poesia, desenho, música, dentre outros.
Sugerimos esse momento individual como um meio de garantir a participação de todos, pois a Pedagogia de Projetos deve ser uma atividade colaborativa do começo ao fim, se desejamos estimular a aprendizagem pela interação.
Perguntas:
O que eu sei sobre o tema?
Para responder essa pergunta, nossos estudantes foram motivados a escrever sobre aquilo que realmente sabiam a respeito sem, no momento, recorrer a consulta em livros ou textos da internet.
Por meio dessa pergunta conseguimos identificar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema.
O que eu quero saber?
Aqui devem ser registradas as dúvidas sobre o tema. Nessa pergunta nossos estudantes fizeram o recorte temático, delimitaram as questões que realmente interessavam.
Por meio desta pergunta e da anterior, procuramos introduzir nossos estudantes no empenho da pesquisa como um caminho para a aprendizagem significativa (saber pensar).
Como vou saber?
Atualmente, é comum recorrermos aos livros e especialmente à internet quando somos recomendados a realizar uma pesquisa sobre determinado tema. Livros e internet são fontes interessantes, mas podemos indicar outras fontes de informação, tais como músicas, poesias, vídeos, imagens, textos de literatura, entrevistas a especialistas nos temas, dentre outros.
Essa pergunta contempla o elemento metodológico de uma pesquisa, isto é, por meio dela os estudantes podem traçar as estratégias para coleta e análise de informações, para posteriormente produzirem seus próprios conhecimentos.
Logo depois, recolhemos todas as respostas e formamos três grupos. Cada grupo ficou com um bloco de perguntas, leu as contribuições escritas e produziu texto, procurando contemplar todas as contribuições.
Às vezes, nesse momento, alguns grupos preferem eleger "o melhor texto", ao invés de produzir um texto que sintetize todas as colaborações individuais. Por esse motivo, recomendamos aos grupos que tal procedimento não acontecesse, já que o mesmo acaba por excluir colaborações de vários integrantes do grupo. Uma vez construídos os textos, realizamos plenário onde os mesmos foram expostos, avaliados, recebendo os últimos ajustes do grupo. E assim chegamos à construção coletiva do projeto.
Como o tempo de nossa oficina era curto, não vivenciamos todas as etapas da Pedagogia de Projetos. Além da sensibilização e da elaboração coletiva do projeto de trabalho, podem ser desenvolvidos os seguintes momentos:
+ Pesquisa de campo/ coleta de dados;
+ Tratamento das informações/ análise e interpretação;
+ Sistematização dos conhecimentos em formato criativo para socialização: seminário, apresentação cultural, exposição, cartazes, murais, almanaque, dentre outros.
+ Avaliação e reconstrução.
+ Avaliação e reconstrução.
B. REGISTROS DA VIVÊNCIA
Criaão de histórias em pequenos grupos
Exposição, em plenário, das histórias criadas nos pequenos grupos
C. PROJETO DA OFICINA
1. Identificação
Oficina: Pedagogia de Projetos
Mediador: Francisco Sales da Cunha, Mestre em Educação pela Universidade Federal do Ceará, com Licenciatura em História pela Universidade Estadual do Ceará. Professor na Faculdade Evangélica de Salvador. E-mail: salescunha.neto@gmail.com - atelierdeducadores.blogspot.com
Promoção: Faculdade Evangélica de Salvador (FACESA)
2. Objetivos
+ Refletir sobre os fundamentos da Pedagogia de Projeto e a relevância dessa metodologia no processo de ensino e aprendizagem;
+ Vivenciar, em grupo, a elaboração e a análise de projetos de trabalho, numa perspectiva de construção coletiva.
3. Metodologia
Nosso encontro será desenvolvido a partir dos seguintes momentos:
+ Apresentação da proposta de trabalho;
+ Aquecimento;
+ Fundamentação teórica;
+ Vivência;
+ Sistematização;
+ Avaliação.
4. Recursos
+ Blog para postagem do projeto da oficina e exposição de fundamentação teórica;
+ Papel ofício;
+ Lápis;
+ Dobraduras.
5. Avaliação
Partindo do pressuposto que a avaliação deve ser processual e diagnóstica, ela acontecerá durante todo o trabalho, levando-se em conta a participação, o envolvimento e a produção do grupo nas vivências e reflexões.
6. Referências
BECKER, Fernando. A origem do conhecimento e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed, 2003.
BOMTEMPO, Luzia. Os alunos investigadores. Revista Amae Educando. Setembro de 1997.
CAVALCANTI, Zélia. A didática dos projetos. Salvador: Mimeo, s/d.
FAZENDA, Ivani C. Interdisciplinaridade: Um projeto em parceria.São Paulo: Loyola, 1993.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e Mudança na Educação: os projetos de trabalho. Trad. Jussara Haubert Rodrigues - Porto Alegre: ArtMed, 1998.
___________________. Repensar a função da escola a partir dos projetos. Revista Pátio. Ano 2, n.6, p.27-31, ago/ out 1998.
LEITE, Lúcia Helena Alvarez. Pedagogia de Projetos: intervenção no presente. Revista Presença Pedagógica, v. 2, n 08. Belo Horizonte: Dimensão, Mar./Abr., 1996.
NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. E. ed. São Paulo: Érica, 2001.
A. RELATO
2 comentários:
Olá Francisco!Passei por aqui para te agradecer a visita e comentário em meu blog para professores!Fiquei feliz de verdade porque as palavras foram muito significativas.Veja lá meu agradecimento, e prazer em conhecê-lo! Poderemos estender este elo.
Abraços colega, e parabéns também pelo seu trabalho!
Niuza Eugênia
Acredito que o trabalho com projetos é ótimo para envolver o maior número de pessoas para a construção do conhecimento. Pois só assim podemos agir como mediador nesta construção, partindo do conhecimento prévio dos alunos,valorizando cada opinião e experiência dos alunos.
Parabéns pelo seu trabalho.
Estou adotando essa metodologia nas HTPCs da minha escola tendo colhido bons resultados.
Obs para pesquisa: Nilson José Machado.
http://www.diariodecoordenador.blogspot.com/
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