Compartilho com vocês mais uma relíquia que encontrei durante minhas pesquisas. É uma poesia sobre a clássica história das Dona Formiga e Dona Cigarra, tão conhecida durante nossa infância. O texto é de autoria de Martins D'Alvarez foi encontrado no Almanaque do Ceará de 1943, disponível na Biblioteca Pública do Estado do Ceará.
Dona Cigarra morava
perto de Dona Formiga
uma em cina e outra embaixo
de uma goiabeira antiga.
Desde que o dia rompia,
até a noite chegar,
Dona Formiga corria,
trabalhando sem parar.
Dona Cigarra, entretanto,
nos galhos da goiabeira,
cantava a manhã todinha
e, às vezes, a tarde inteira.
Dona Formiga, ambiciosa,
para si só trabalhava
E a cigarra, perdulária,
pra todo mundo cantava.
Passou-se... chegou o inverno...
o frio recrudear
Dona Formiga, sozinha,
à casa se recolheu.
Tinha tudo em sua volta:
calor, comiga a fartar...
Mas faltava qualquer coisa
que não sabia explicar.
E essa coisa que faltava
tanto e tanto a entristeceu
que passear, Dona Formiga,
certa manhã resolveu.
E ao sair ficou pasmada
vendo, num triste arrepio,
a coitada da Cigarra
morta de fome e de frio.
De-repente, se lembrou
que, aquilo que lhe faltava,
era a alegria do canto
que a sua amiga lhe davaa.
E então, chorou de remorso
não tanto por usura,
mas porque, sem alegria,
de nada vale a fartura.
Referência
D'ALVAREZ, Martins. D. Formiga e D. Cigara. Almanaque do Ceará. 1943. p. 57.
2 comentários:
Sales,visitei seu blog. Gostei muito.
Não conhecia a poesia da Cigarra e a formiga. Como estou trabalhando poesias com a minha turma pensei em copiar para usar em classe.Posso?
Grata,
Auriluse Araujo de C. Santos
Pedagoga - salesiano Dom Bosco Paralela.
Claro Auriluse, pode copiar sim! Abs.
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